New Who: Doutor(a) & (Re)Branding — Um estudo em azul
Há mais de seis décadas, Doctor Who vem encantando e inspirando fãs ao redor do mundo com suas histórias emocionantes, personagens cativantes e exploração sem limites do tempo e do espaço. Desde sua estreia em 1963, a série tem cativado públicos ao redor do mundo, oferecendo uma experiência única repleta de imaginação, aventura e reflexão. Ao moldar o cenário da ficção científica, ela conquistou um lugar especial nos corações dos espectadores, tornando-se uma fonte inesgotável de inspiração e entretenimento ao longo dos anos.
Aqui vou dar uma breve pincelada nas renovações mais recentes na série, analisando como ela continua a revolucionar, ressignificar, regenerar e reencantar seu público, mantendo-se relevante e emocionante ao longo das décadas. Desde a introdução de novos personagens e conceitos até a expansão para novos territórios narrativos e geográficos, vou esboçar nessa tela digital pontos do universo de Doctor Who e mostrar como essas mudanças se relacionam com os conceitos fundamentais do Branding, os “4 Rs”. Sim, depois de terminar o curso e assistir à masterclass da Ana Couto, “A (R)evolução do Branding”, e de me atualizar nos novos episódios da série, deixar de fazer essa conexão seria impossível.
Junte-se a mim e prepare-se para uma jornada épica através do tempo e do espaço, onde o impossível se torna possível e cada episódio é uma nova página em branco.
“No final, somos todos histórias. Basta fazer com que sejam boas, hein?”
Revolucionar: Doctor Who sempre esteve na vanguarda revolucionária na televisão. Desde sua criação em 1963, a série desafiou as convenções da ficção científica, ao introduzir no gênero conceitos inovadores e perspectivas únicas, consolidando-se como um marco cultural e inspirando gerações de fãs ao redor do mundo.
Nas mais recentes renovações, essa tradição inovadora persiste, com a inclusão de narrativas que abordam questões contemporâneas, como diversidade, identidade de gênero e política. Um exemplo notável é a introdução da primeira Doutora na história da série, interpretada por Jodie Whittaker. Essa decisão marcou um avanço significativo em termos de representatividade feminina e abriu espaço para a exploração de novas dinâmicas dentro do universo de Doctor Who — fora que foi bem divertido ver o David Tennant achando o Isaac Newton sexy, e se questionando “esse sou eu agora, eh?”.
Além disso, a série também vem revolucionando, desde a sua incepção, em termos de abordagem visual e narrativa, adotando técnicas de produção mais sofisticadas e cinematográficas, incluindo o uso de efeitos especiais avançados, cenários mais elaborados e uma direção de arte mais ambiciosa, tudo para criar uma experiência mais imersiva para os espectadores, porém, sem deixar de lado aquele ar meio retrô.
Ressignificar: Doctor Who é uma série reconhecida por sua habilidade de ressignificar sua própria mitologia e história, reinventando-se continuamente ao longo do tempo. Nas renovações recentes, isso foi evidenciado com a introdução de novos personagens, como os companions, que representam uma diversidade maior em termos de origens étnicas, identidades de gênero e orientações sexuais. Essa diversidade trouxe uma riqueza de perspectivas à narrativa e permitiu que a série explorasse questões sociais e culturais de maneira mais profunda e autêntica.
Além disso, a ressignificação de elementos clássicos da série, como os Daleks e os Cybermen, trouxe uma profundidade renovada às narrativas, enriquecendo-as com novos significados e complexidades. Isso tem mantido o interesse dos fãs, ao mesmo tempo em que os desafia a reinterpretar conceitos familiares sob uma nova perspectiva.
Regenerar: A capacidade de regeneração do Doctor é um dos aspectos mais distintivos e versáteis da série. Nas renovações recentes, cada regeneração do Doctor trouxe consigo a oportunidade de explorar novas facetas da personalidade do personagem e de introduzir mudanças significativas na dinâmica da narrativa. Por exemplo, a regeneração do Décimo Segundo Doctor (interpretado por Peter Capaldi) para o Décimo Terceiro Doctor (interpretado por Jodie Whittaker) não só marcou uma mudança de gênero, mas também abriu espaço para histórias que exploram as experiências únicas de uma Doctor em um universo predominantemente masculino.
Além disso, as regenerações têm servido como oportunidades cruciais para a série se adaptar aos gostos e expectativas do público contemporâneo, integrando elementos de storytelling mais sofisticados e sutis, além de uma sensibilidade emocional mais rica e envolvente.
Reencantar: Doctor Who sempre cativou seu público com narrativas envolventes, repletas de reviravoltas emocionantes, personagens carismáticos e cenários fascinantes. Nas renovações recentes, essa capacidade de reencantar os espectadores foi demonstrada através da exploração de novos mundos e civilizações, bem como do desenvolvimento de arcos de personagens mais complexos e envolventes.
Além disso, a série continuou a abraçar sua rica herança cultural e histórica, introduzindo referências e homenagens a momentos marcantes da televisão britânica. Além disso, explorou habilmente a metalinguagem própria de Doctor Who. Essa abordagem une as melhores possibilidades de dois mundos, despertando uma sensação de nostalgia entre os fãs mais antigos e atraindo novas gerações e novos públicos de espectadores para o fascinante universo da série.
“A narrativa é o fio condutor da consistência.” — Ana Couto
Essas mudanças e esses desenvolvimentos na série Doctor Who demonstram como ela conseguiu manter sua relevância e atratividade ao longo das décadas, adaptando-se às mudanças culturais e tecnológicas enquanto mantém sua essência fundamental.
Em termos de branding, os atributos de marca e os valores da série “Doctor Who” podem ser descritos da seguinte forma:
Atributos de Marca:
- Inovação: Doctor Who é conhecida por sua capacidade de inovar e introduzir novos conceitos e ideias no gênero da ficção científica. Seus enredos complexos e originais destacam-se como uma marca registrada da série.
- Diversidade: A série abraça a diversidade em todas as suas formas, seja através da representação de diferentes raças, culturas, identidades de gênero ou orientações sexuais. Essa inclusão é um dos principais atributos da marca Doctor Who.
- Aventura: Doctor Who é sinônimo de aventura. Os espectadores esperam ser levados em uma jornada emocionante através do tempo e do espaço, enfrentando perigos desconhecidos e explorando novos mundos a cada episódio.
- Imaginação: Um dos pontos fortes de Doctor Who é sua imaginação sem limites. A série desafia as fronteiras da criatividade, apresentando conceitos e cenários que buscam ir além da compreensão convencional.
- Resiliência: Ao longo dos anos, Doctor Who demonstrou uma incrível capacidade de se adaptar e evoluir, mantendo-se relevante e apaixonante para diferentes gerações de espectadores. Essa resiliência é um atributo fundamental da marca.
Valores da Série:
- Exploração: Doctor Who valoriza a exploração, seja de novos planetas, civilizações ou ideias. A curiosidade e o desejo de descobrir o desconhecido são valores centrais da série.
- Compaixão: O Doctor é muitas vezes retratado como um defensor dos oprimidos e uma força para o bem. A compaixão e a empatia são valores fundamentais que permeiam toda a série.
- Liberdade: Doctor Who celebra a liberdade individual e a capacidade de escolher o próprio destino. Os personagens são frequentemente confrontados com escolhas difíceis, mas é a liberdade de escolher que lhes confere poder.
- Amizade: Os laços entre o Doctor e seus companions são um dos aspectos mais tocantes da série. A amizade e a camaradagem são valores essenciais que sustentam esses relacionamentos e ajudam os personagens a superar desafios juntos.
- Esperança: Por mais sombrios que sejam os tempos, Doctor Who oferece uma mensagem de esperança. A crença de que o bem triunfará sobre o mal e que sempre haverá uma luz no fim do túnel é um dos valores mais poderosos da série.
O código genético do branding de Doctor Who é intrincado e multifacetado, refletindo a complexidade e a profundidade da série ao longo de suas muitas encarnações. Este código genético pode ser compreendido através de elementos-chave que definem a marca Doctor Who:
Identidade Visual Distintiva: O branding de Doctor Who é imediatamente reconhecível por sua identidade visual distinta, que inclui elementos icônicos como a TARDIS (a nave espacial do Doctor), os logotipos da série e as tipografias características usadas em materiais promocionais e, apesar de algumas mudanças no tom de azul, a icônica cor TARDIS Blue, do décimo Doutor, a 2955C da Pantone.
O icônico azul da TARDIS — O tom icônico de azul da TARDIS desempenha um papel fundamental no branding e na identidade visual de Doctor Who. O “TARDIS blue” se tornou imediatamente reconhecível para os fãs da série, frequentemente associado à sensação de aventura e mistério que a TARDIS representa.
Em termos de branding, o azul da TARDIS reflete diretamente os atributos de marca e os valores da série. Primeiramente, ele evoca uma sensação de inovação. Assim como a TARDIS é uma máquina do tempo revolucionária, capaz de viajar pelo universo, a série é inovadora, e está sempre introduzindo inovações, novos conceitos e ideias no gênero da ficção científica e na contação de histórias em si.
Além disso, o azul da TARDIS também está associado à diversidade. Enquanto tradicionalmente o azul costuma ser relacionado ao público masculino, na série Doctor Who esse conceito é subvertido. O protagonismo feminino e as diversas personalidades e origens dos personagens masculinos mostram que a série abraça a diversidade de formas, identidades e expressões de gênero, desafiando estereótipos e representando uma ampla gama de experiências. {Binário! Não binário!}
Em termos de aventura, o azul da TARDIS é um lembrete constante da emocionante jornada que os espectadores esperam embarcar a cada episódio da série. É uma cor que sugere a exploração do desconhecido e a descoberta de novos horizontes, características essenciais da experiência Doctor Who.
Além disso, o azul da TARDIS também é um símbolo de imaginação e criatividade ilimitadas. Assim como a série desafia as fronteiras da criatividade, a cor azul da TARDIS representa no campo visual da cor essa imaginação sem limites e a capacidade de criar mundos extraordinários.
Por fim, o azul da TARDIS também reflete a resiliência de Doctor Who ao longo dos anos. Assim como a TARDIS resistiu ao teste do tempo e permanece como um símbolo duradouro da série, o azul representa a capacidade de Doctor Who de se adaptar e evoluir, mantendo-se ainda relevante e emocionante para diferentes gerações de espectadores, sendo uma série “idosa”.
Em suma, o tom icônico de azul da TARDIS não é apenas uma escolha estética, mas sim um elemento crucial no branding e na identidade visual de Doctor Who, refletindo diretamente os atributos de marca e os valores que tornam a série tão amada e reconhecida em todo o mundo.
Narrativa Inovadora: Desde sua criação, Doctor Who se tornou conhecida por sua narrativa inovadora e original, que desafia as convenções do gênero de ficção científica, trazendo consigo vários modos de explorar o bom e velho storytelling. Seja explorando temas complexos como viagem no tempo, identidade de gênero ou política, ou apresentando reviravoltas surpreendentes na trama, a série continua oferecendo uma experiência narrativa única e cativante.
Diversidade e Representatividade: Doctor Who é uma das séries mais inclusivas e diversas da televisão, apresentando uma ampla gama de personagens de diferentes origens étnicas, identidades de gênero, orientações sexuais e habilidades. Essa diversidade e representatividade são fundamentais para o branding da série, refletindo seu compromisso com a inclusão e a igualdade. {E foi bom ver que isso se manteve ao estrear os episódios novos especiais na Disney +.}
Exploração e Imaginação: Doctor Who é uma celebração da exploração e da imaginação, transportando os espectadores para mundos distantes, civilizações alienígenas e épocas históricas. Seja viajando para o futuro ou para o passado longínquo, a série desafia os limites da imaginação e convida os espectadores a embarcar em uma jornada épica através do tempo e do espaço.
Continuidade e Tradição: Apesar de suas muitas mudanças ao longo dos anos, Doctor Who mantém uma forte continuidade e tradição que ressoa com os fãs mais dedicados. Elementos como a regeneração do Doctor, a presença dos Daleks e Cybermen como vilões recorrentes, e a TARDIS como um símbolo duradouro da série ajudam a manter uma ligação emocional com sua história e legado.
Engajamento da Comunidade: O branding de Doctor Who é alimentado pelo forte engajamento da comunidade de fãs da série, os Whovians, que são conhecidos por sua paixão, criatividade e dedicação. A interação contínua entre os fãs e os criadores da série, seja através de eventos, convenções ou redes sociais, ajuda a fortalecer o vínculo entre a marca e seu público.
Em conjunto, esses elementos formam o código genético do branding de Doctor Who, uma mistura única de identidade visual, narrativa inovadora, diversidade, imaginação, continuidade e engajamento da comunidade que torna a série tão duradoura e amada pelos fãs em todo o mundo.
Esses atributos de marca e valores da série contribuem para sua identidade única e duradoura, fazendo de Doctor Who muito mais do que apenas uma série de televisão, mas sim um fenômeno cultural que toca os corações e mentes de milhões ao redor do mundo.
Existem vários arquétipos de marca que podem ser aplicáveis à série Doctor Who, dada a complexidade e profundidade de sua narrativa e personagens. Aqui estão alguns arquétipos que podem ser associados à marca Doctor Who:
Herói: O Doctor muitas vezes assume o papel de herói, lutando contra as forças do mal e protegendo os indefesos. Sua coragem, determinação e senso de justiça o tornam um exemplo clássico do arquétipo do herói.
Explorador: Doctor Who é uma série sobre exploração, aventura e descoberta. O Doctor e seus companions estão constantemente explorando novos mundos, civilizações e ideias, alimentando a curiosidade e a busca pelo desconhecido.
Mágico: O Doctor é frequentemente retratado como um personagem misterioso e encantador, capaz de realizar feitos aparentemente impossíveis através da tecnologia avançada da TARDIS e do conhecimento vasto que ele acumulou ao longo dos séculos. Esse aspecto mágico e fascinante contribui para o arquétipo do mágico.
Cuidador: Apesar de sua natureza excêntrica e às vezes distante, o Doctor demonstra compaixão e empatia pelos outros, muitas vezes assumindo o papel de protetor e cuidador da humanidade e de outras espécies. Esse aspecto de proteção e preocupação com o bem-estar dos outros está alinhado com o arquétipo do cuidador.
Fora da Lei: O Doctor frequentemente desafia as regras estabelecidas e opera à margem da sociedade, tanto de forma literal (viajando no tempo e no espaço) como figurativamente (ignorando autoridades e convenções sociais quando necessário). Esse comportamento rebelde e anti-autoritário é característico do arquétipo do fora da lei.
Visionário: O Doctor é um visionário, sempre buscando um futuro melhor para o universo e lutando contra as injustiças e opressões que encontra em suas viagens. Sua visão de um mundo mais justo e compassivo o coloca no papel do arquétipo do visionário.
Esses arquétipos ajudam a definir a identidade da marca Doctor Who e a moldar a maneira como ela é percebida pelo público. Cada um contribui para a riqueza e complexidade da série, tornando-a uma experiência verdadeiramente única e cativante para os espectadores.
E agora, uma surpresa emocionante agitou os corações dos fãs: o retorno do querido décimo doutor, interpretado por David Tennant, seguido por uma revolucionária bigeneração! Uma reviravolta tão inesperada que até mesmo os mais dedicados ficaram surpresos, euzinha incluída nisso aê hehe. E concordo (embora tenha dividido opiniões), que trazer o Doctor de David Tennant de volta para a gente vê-lo “morrer” de novo seria crueldade…
A série encontrou um novo lar nos Estados Unidos e no Brasil, com os especiais de Natal de 2023 disponíveis no Disney +. E para aumentar ainda mais a ansiedade dos espectadores, há a promessa de uma nova temporada na primavera (do Hemisfério Norte, enquanto aqui, nos preparamos para o outono). Salve a data: 10 de maio de 2024.
Assim, Doctor Who segue em sua jornada épica, desbravando os confins do tempo e do espaço, e trazendo consigo narrativas que hipnotizam, personagens que prendem (e muitas vezes estraçalham nossos corações), e uma imaginação que desconhece limites. A cada renovação, a série não apenas se reinventa, mas reafirma seu status como um fenômeno cultural que transcende gerações e fronteiras.
Enquanto ansiamos pelo próximo capítulo dessa aventura intergaláctica, somos levados a saborear as memórias do passado, celebrar as conquistas do presente e aguardar com expectativa as emoções do futuro. Pois em Doctor Who, o universo é apenas o começo, onde a jornada nunca termina e as possibilidades são infinitas.
